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Brega-funk ganhou palco exclusivo no Baile da Santinha, de Léo Santana. Confira a cobertura

Publicado em: 27/01/2020 18:07 | Atualizado em: 29/12/2020 22:22

Elvis, MC Anônimo, Léo Santana, Tocha e Felipinho Real no backstage do Baile da Santinha. (Foto: Sandro Andrade/Divulgação)
Elvis, MC Anônimo, Léo Santana, Tocha e Felipinho Real no backstage do Baile da Santinha. (Foto: Sandro Andrade/Divulgação)


Salvador (BA) - Um posto de gasolina localizado no cruzamento da Estrada Velha de Água Fria com a Rua São Bento, na Zona Norte do Recife, se transformou no mais popular ponto de encontro de MCs do brega-funk com suas equipes. É ali que começam as viagens para a realização de shows em toda a Região Metropolitana. Em 23 de janeiro de 2020, um ônibus cheio de MCs, dançarinos, DJs e produtores tinha um destino distinto, localizado a 800 km do Recife: Salvador, capital da Bahia. Os veteranos Tocha e Elvis, além dos jovens MC Anônimo e Felipinho Real, viajavam para o Baile da Santinha, festival capitaneado por Léo Santana e organizado pela Salvador Produções, popular no entretenimento musical baiano.

Pela primeira vez o brega-funk ganhou um palco exclusivo nesse festival, realizado no Wet'n Wild, um espaço semelhante à área externa do Centro de Convenções de Pernambuco. Na noite da última sexta-feira (24), a programação era composta por Henrique e Juliano, Thiaguinho, Kevin O Chris e DJ Zulu, além de Santana. O "Inferninho", espaço destinado ao ritmo pernambucano, ficava localizado em uma área interna e com aspecto de boate. Os MCs realizaram shows com sucessos locais e nacionais recentes. O público jovem lotou o ambiente, dançando mesmo quando não conhecia as faixas. E os baianos dançaram o "passinho" muito bem, comprovando como o gingado nordestino reforça o elo desse intercâmbio cultural.

Palco Inferninho, exclusivo para o brega-funk. (Foto: @walteerguedes/Divulgação)
Palco Inferninho, exclusivo para o brega-funk. (Foto: @walteerguedes/Divulgação)


"Como o Baile da Santinha já é consagrado, aproveitamos para dar espaço ao brega-funk", explica Sandro Andrade, produtor de Léo Santana e idealizador do palco Inferninho. "No começo, tive receio porque não deu tempo de trabalhar as músicas nas rádios. Caso desse errado, talvez não existisse outra chance. Mas o público baiano abraçou e foi um sucesso. O lance da dança ajuda muito, já que nós também temos esse swing", diz o baiano, que também inaugurou um escritório para administrar as carreiras dos MCs da programação. Os pernambucanos dividiram espaço com os Olds Boys, dupla de música eletrônica, e DJ Fabão, de funk.

Elvis, 23, ficou conhecido por sucessos românticos, mas atualmente investe no brega-funk do passinho. Em novembro, ele lançou Vem me satisfazer (14 milhões de acessos), parceria com DJ Pernambuco (SP) e MC Ingryd (RJ) que ganhou clipe no KondZilla e tem repercutido nacionalmente no Spotify. "Eu já tive contratos com produtoras de São Paulo, mas apenas para produção musical e audiovisual. Fazer show fora de Pernambuco é novo para mim. A expectativa de vir para outro estado para mostrar nossa cultura é enorme”, disse, em entrevista realizada no backstage do palco.

Tocha (esquerda) e Felipinho (direita).  (Foto: @walteerguedes/Divulgação)
Tocha (esquerda) e Felipinho (direita). (Foto: @walteerguedes/Divulgação)


Tocha, 26, é veterano no ritmo. Ele formava dupla com Dadá Boladão até 2016. "Nós que somos mais antigos já passamos por experiências parecidas com essa. É sempre bom sair de Pernambuco, pois mostra que estamos tentando chegar em novos lugares, algo que é um desejo antigo", diz. No final de 2018, ele lançou Chora viola, uma parceria com a famosa banda de pagode baiano Attooxxa e o DJ Zulu (RJ). "O brega-funk encaixa muito bem com o pagodão, pois ambos são ritmos eletrônicos de periferia. Isso nos ajuda a ganhar espaço aqui na Bahia".

Filipinho Real, 25, começou a carreira com incentivo de Tocha. Em 2018, ele foi o primeiro MC a assinar com a produtora de Sandro Andrade. "Eu estava no estúdio de Dany Bala, no Recife, quando Sandro me conheceu. Ele gostou das minhas músicas e começamos a trabalhar juntos, mudando minha forma de pensar cenário musical. Fazer show em Salvador é uma oportunidade única de expandir público, algo que nem todos podem. Mas não é impossível. A massa do brega-funk é forte."

MC Anônimo. (Foto: @walteerguedes/Divulgação)
MC Anônimo. (Foto: @walteerguedes/Divulgação)


MC Anônimo era a figura mais “folclórica” do quarteto da programação. Ele é o mais jovem no ramo e consegue despertar curiosidade por usar uma máscara, sempre mantendo a identidade em segredo. O jovem não tirou o acessório durante toda a viagem, nem mesmo no ônibus. "Essa ideia surgiu quando meu emprego envolvia o uso de máscara de proteção. Eu já era MC, então decidi me tornar um MC mascarado. Eu consegui construir essa identidade e tem dado muito certo", diz o jovem, responsável pelo sucesso Pagou de superada (28 milhões) e Não tem como resistir, com o carioca MC Reizin (4 milhões).

Após os shows no Inferninho, os MCs visitaram Léo Santana, headliner do evento, no camarim. "O brega-funk é o novo funk do Brasil. Todo mundo está querendo trabalhar com esse ritmo. E quando os MCs do Recife lançam remixes de funks do Sudeste, as faixas bombam mais do que as originais", opinou Santana, em roda de conversa com os pernambucanos. "O pagode de Salvador, por exemplo, é muito mais restrito que o brega-funk. É mais difícil de entrar em praças. Mas o gênero de vocês se nacionalizou de forma muito orgânica, com ajuda das redes sociais e do passinho".

Léo Santana em conversa com MCs. (Foto: Emannuel Bento/DP)
Léo Santana em conversa com MCs. (Foto: Emannuel Bento/DP)


"O show de vocês é um astral da porra, é show de rock and roll”, continua Léo. "Quando eu comecei a tocar brega-funk em shows, o Sudeste e Sul nem sabia o que era, mas já ficavam impressionados com a potência. O desafio agora é destacar a imagem dos MCs do Recife. Todo mundo conhece o brega-funk e o passinho, mas conhecer o nome de vocês também é muito importante. Vocês precisam dizer: 'Quem canta sou eu!'", finaliza, com tom de conselho.

O Baile Santinha virá ao Recife no segundo semestre de 2020, provavelmente em novembro. O produtor Sandro Andrade também está planejando realizar uma turnê com MCs de brega-funk, intitulada Vila Funk, que deve estrear em breve.

* O repórter viajou à convite da Salvador Produções/Victor Ronã Assessoria
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