APL celebra 119 anos com posse do novo presidente, Lucilo Varejão Neto

“O livro é um instrumento de criar imaginação”, destaca Lucilo Varejão Neto. O escritor e professor recifense assume nesta segunda (27), às 19h30, a presidência da Academia Pernambucana de Letras (APL), no lugar de Margarida Cantarelli. A acadêmica atuou por dois mandatos consecutivos de dois anos e, de acordo com o regimento interno da instituição, não é permitido uma segunda recondução consecutiva. Na sessão solene, também serão empossados Luzilá Gonçalves Ferreira (vice-presidente), José Mário Rodrigues (2º vice-presidente) e Lourival Holanda (secretário-geral). Antônio Dirceu Rabelo, Lourdes Maria Sarmento e Anna Maria Ventura assumem os cargos de 1º secretário, 2º secretário e tesoureira, respectivamente. Na ocasião, será realizada ainda a celebração dos 119 anos da Academia, o lançamento da Revista n° 48 e a entrega dos Prêmios Literários de 2019. 

“É uma honra imensa assumir a presidência da Academia, a casa literária mais importante de Pernambuco. Em nossa gestão, não vamos alterar o ritmo já existente, vamos dar continuidade ao trabalho que vem sendo realizado pelos últimos presidentes”, afirma Lucilo, em entrevista ao Viver. “São muitos desafios, mas vamos investir em uma maneira de movimentar a casa, principalmente nossa biblioteca. Também vamos continuar oferecendo cursos e recebendo adolescentes e estudantes universitários para que a Academia seja um espaço vivo”, pontua. 

A missão, o novo presidente reforça, é continuar mantendo a Academia no patamar que ela se encontra, “com as portas abertas para o povo, porque a literatura e a Academia é um patrimônio do povo”. “A Academia é uma casa muito bem-sucedida. Tem o prédio mais bonito das academias do Brasil, mantém- -se muito bem conservado. Temos também uma programação ampla, com encontros musicais, um museu que reúne a história da sociedade pernambucana do século 19 e uma biblioteca com as portas abertasao público”, afirma Varejão, destacando o trabalho realizado pelos últimos presidentes.

“Tudo que a Academia tem feito será mantido com toda excelência. Claro quenovas ideias deverão surgir e faremos o que for possível para ampliar a adesão do público frequentador.” O escritor adianta algumas atividades que devem acontecer ao longo do ano na instituição. “Este será um ano dedicado ao centenário de João Cabral de Melo Neto, nós vamos comemorar como se deve. Também está prevista uma programação para contemplar os 120 anos de Gilberto Freyre.”

Todos os anos, realizamos prêmios literários na Academia, premiamos quem realmente merece. Isso prova que tem muita gente estudando, escrevendo, produzindo, e isso é muito bom. A base está nos clássicos. As novidades sempre ocorreram e costumam ser passageiras, mas é bom acompanhar os novos escritores e movimentos que estão dispostos a inovar e se firmar no meio literário.

Infelizmente, estamos atravessando uma péssima fase no mercado editorial. Muitas livrarias fechando as portas no Brasil inteiro, não só em Pernambuco. Isso é muito grave. Não estão dando o devido valor ao livro, que é o instrumento de criar imaginação, dar uma visão de mundo e conhecimento de tudo que cerca a população. É preciso incentivar a produção e o consumo de livros. Mas veja, eu sou um simples homem que reflete as coisas do mundo, não sou um economista.

Como avalia a entrada da atriz Regina Duarte na Secretaria Especial de Cultura?
Toda mudança vem acompanhada de uma expectativa. Eu não conheço a vida administrativa de Regina, apesar de a admirar como atriz. Mas sei das dificuldades em gerir instituições, e espero que ela seja uma pessoa que tenha uma formação ampla para atender a todos os segmentos. A nossa cultura está desmoralizada, não temos visto campanhas pró-leitura e o nosso povo mal está alfabetizado. Vamos aguardar o que vai acontecer.