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CINEMA

Retrospectiva 2019: Os êxitos do cinema brasileiro e os filmes que marcaram o ano

Publicado em: 30/12/2019 23:15 | Atualizado em: 30/12/2019 23:09

Bacurau foi um dos nomes mais populares do cinema nacional em 2019. (Foto: Vitrine Filmes/Divulgação)
Bacurau foi um dos nomes mais populares do cinema nacional em 2019. (Foto: Vitrine Filmes/Divulgação)
 
Uma retrospectiva se trata de uma revisitação. Mas revisitar os principais momentos do cinema nacional e internacional em 2019 não é de todo fácil, porque de certa forma foi um ano em que tivemos “de tudo”. Prêmios inéditos para o cinema brasileiro, realizadores veteranos reiterando sua relevância, o cinema asiático mais uma vez mostrando a força da sua safra de criadores, blockbusters batendo recordes de bilheteria, os serviços de streaming conquistando mais espaço dentro do circuito de consagração das premiações e ídolos que infelizmente nos deixaram. A retrospectiva é um bom momento para relembrar o que passou, mas também pensar nos filmes que possivelmente irão brilhar na temporada de premiações..

A começar pelo cinema nacional, que fecha um ano de entregas e reconhecimentos, em pleno clima de disputas narrativas sobre o papel do estado como financiador da arte ou o papel do artista na sociedade. Logo em maio tivemos duas boas surpresas no Festival de Cannes, mas que perduraram em visibilidade durante todo o ano: Bacurau, dos pernambucanos Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, ganhando o prêmio do Júri, e A vida invisível, do cearense Karim Aïnouz, levando o prêmio do Un Certain Regard, nunca antes conquistado por uma produção brasileira.
 
O bom ano para o cinema nacional é sentido em números: foram 20 mil pessoas no São Luiz até setembro. (Foto: André Santa Rosa/EST. Dp)
O bom ano para o cinema nacional é sentido em números: foram 20 mil pessoas no São Luiz até setembro. (Foto: André Santa Rosa/EST. Dp)
 
No Recife, Bacurau causou frenesi, mostrando a face de um cinema pernambucano de gênero, com jeito de blockbuster, que gerou filas e recorde de público em salas como o São Luiz (como mostrado em matéria pelo Diario em agosto). Já o melodrama tropical cearense de Aïnouz foi selecionado pelo Brasil para representar o país no Oscar, mas infelizmente não integrou a pré-lista de indicados. Contudo, além do documentário Democracia em vertigem (Petra Costa) que recebeu uma pré-indicação, Dois papas de Fernando Meirelles está sendo uma aposta da Netflix na temporada de premiações, incluindo chance de indicação ao Oscar.

Dentro do panorama do cinema internacional, entre os destaques de 2019 estão cineastas consagrados, que a partir da boa recepção em festivais e da crítica, receberam visibilidade durante todo ano até a atual temporada de premiações. Destaco três: Quentin Tarantino com Era uma vez em Hollywood, Pedro Almodóvar com Dor e glória e Martin Scorsese com O irlandês, sendo o último uma produção da Netflix, empresa que a cada ano tem conseguido mais penetrância no circuito das premiações e da crítica. Com tons de Scorsese, um filme que chamou atenção do público e da mídia foi Coringa, em que a “atuação do método” de Joaquin Phoenix tem conquistado muito espaço nas premiações e gerado buzz. Assim como Coringa, apontando para sintomas de indivíduos vitimizados por um estado neoliberal, marcado por desigualdades e pela decadência da ideia de sujeito, o sul-coreano Parasita começou o ano arrematando a Palma de Ouro. Desde então segue na dianteira dos queridinhos de 2019, sendo representante da boa fase do cinema asiático, que também conseguiu a Palma no ano passado com Assunto de Família, do japonês Hirokazu Kore-eda. Tivemos ainda o Longa jornada noite adentro, um ótimo representante da safra desse cinema, dirigido por Bi Gan.
 
O Irlandês, um dos filmes mais bem recebidos de 2019, teve distribuição simultânea na Netflix e nos cinemas  (Foto: Reprodução/Netflix)
O Irlandês, um dos filmes mais bem recebidos de 2019, teve distribuição simultânea na Netflix e nos cinemas (Foto: Reprodução/Netflix)
 
Também tiveram as clássicas produções de cinebiografias. Destaco duas: Rocketman, de Dexter Fletcher, e Ford Vs. Ferrari, de James Mangold. São dois filmes bem diferentes entre si. O primeiro, uma produção pomposa, um musical que decide contar a história de Elton John através do queer e do poder da fantasia. O segundo, dois atores super premiados (Matt Damon e Christian Bale), reencenando uma das maiores disputas do automobilismo, com tons mais puxados para ação. 
 
Uma produção da Netflix que rendeu atenção ao fim do ano foi História de casamento. Dirigido por Noah Baumbach (Frances Ha), o longa trabalha as nuances afetivas do fim de um relacionamento (protagonizado por Adam Driver e Scarlett Johansson). Soa como uma reverberação, ou até caricatura, de um cinema independente americano, que foi convencionado a chamar de mumblecore, em que Noah e a diretora Greta Gerwig (sua esposa) se tornaram uma espécie de divulgadores no mainstream. O longa só prova que, mesmo em evidência desde 2012, o estilo continua a ter força e influência nos caminhos do cinema contemporâneo. Apesar de provavelmente ficar de fora das premiações, dois filmes da nova safra de terror chamaram atenção: Midsommar (de Ari Aster) e O farol (de Robert Egger). Ambos produzidos pela A24, que tem se tornado fértil para novas produções independentes.
 
PÚBLICO RECORDE 
As salas recifenses também alcançaram bons números, cerca de 20 mil pessoas até o fim de setembro apenas no São Luiz. Só Bacurau arrastou 13.000. O resultado foi alcançado através de longas feitos por pernambucanos, que instigam um público receptivo com produções locais como Organismo, de Jeorge Pereira; Divino Amor, uma distopia de Gabriel Mascaro; Estou me guardando para quando o carnaval chegar, ótimo documentário sobre a fabricação de jeans em Toritama, dirigido por Marcelo Gomes; e também Azougue Nazaré, de Tiago Melo, que em sua estreia levou o maracatu rural para dentro do Cinema São Luiz. O cinema foi impulsionado não só por um público receptivo, mas também por incentivo de políticas públicas, que recebem e fortalecem a indústria do cinema local, gerando empregos, turismo e cultura. 
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