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Cinema

Os bastidores do filme Recife Assombrado, que resgata histórias de terror da capital

Publicado em: 04/11/2019 15:13 | Atualizado em: 04/11/2019 15:27

Adriano Portela (à direita), diretor de Recife Assombrado. (Foto: Diego Herculano/Divulgação)
Adriano Portela (à direita), diretor de Recife Assombrado. (Foto: Diego Herculano/Divulgação)

Na cultura pop há certo fascínio em torno dos bastidores de filmes de terror. As gravações da obra-prima O exorcista (1973) foram marcadas por acidentes e um incêndio que destruiu parte do set. Mesmo que seja ferramenta para publicidade, essas histórias criam certa mística em torno do gênero. Num ambiente de produção distante do contexto anglófono, os bastidores do longa-metragem Recife assombrado, de Adriano Portela, não chegaram a vivenciar histórias mirabolantes. Mas a utilização de locações como a Cruz do Patrão, no Bairro do Recife, a Praça Chora Menino, na Boa Vista, e o Cemitério de Santo Amaro foram suficientes para tornar o processo singular. O filme estreia em 21 de novembro, com distribuição da Elo Company.

Inspirado no livro Assombrações do Recife Velho (1955), de Gilberto Freyre, o projeto foi inscrito no edital da Ancine em 2015. A verba foi liberada dois anos depois, quando o jornalista e produtor cultural convidou o elenco - composto por pernambucanos como Márcio Fecher, Pedro Malta, Germano Haiut, Rhaisa Batista, Rayza Alcântara e Rubens Santos, além do global Daniel Rocha. O roteiro de Ulisses Brandão e Bruno Antônio acompanha a história de Hermano (Daniel), que precisa voltar ao Recife após 20 anos para investigar o desaparecimento do irmão, Vinícius (Pedro), pesquisador da cultura das lendas urbanas. Nesse processo, o protagonista descobre um nova - e sombria - face da metrópole nordestina. A história passa a introduzir, de forma até didática, as assombrações do clássico de Freyre.

Daniel Rocha e Rayza Alcantara em cena. (Foto: Divulgação)
Daniel Rocha e Rayza Alcantara em cena. (Foto: Divulgação)
"A cidade é a grande protagonista do filme, que tenta captar a pegada sombria da nossa capital para criar um clima de suspense, um thriller que flerta muito com o universo fantástico", diz Adriano Portela, que assina seu primeiro longa. "A nossa assombração principal é a Boca de Ouro, um misto de zumbi e demônio que se esconde sob as vestes de boêmio. Gilberto, nosso grande homenageado, cita que essa 'visagem' não é exclusiva do Recife, tendo sido registrada também em outras cidades do Brasil". Sobre as gravações, ele destaca a noite na Cruz do Patrão. "Os recifenses acreditavam que naquelas imediações eram enterrados negros pagãos mortos durante as jornadas dos navios chegados da África. É um local muito intenso".

O ator pernambucano Pedro Malta, que ainda na infância ficou conhecido na novela global Coração de estudante (2002), interpreta Vinícius. O ator afirma que o Centro no período noturno singularizou a atmosfera do longa. “Há uma cena de perseguição com o meu personagem durante a madrugada, no Bairro do Recife. Tem outra locação na Ponte de Ferro, gravada com drones. Foi uma experiência muito nova para mim. Aliás, para todo o elenco, pois estamos explorando aspectos interessantes do cenário recifense. Acredito que pudemos ajudar nessa construção de um novo cinema de gênero feito na cidade, usando as histórias que o Recife tem a oferecer”.

Rhaisa Batista em cena com Daniel Rocha. (Foto: Divulgação)
Rhaisa Batista em cena com Daniel Rocha. (Foto: Divulgação)
A também pernambucana Rhaisa Batista, 29, passou a maior parte das gravações na Rua da Moeda, no Recife Antigo. Ela vive Rúbia, que trabalha no boteco fictício Papafigo Bar e tenta ajudar Humberto a desvendar o mistério do irmão. "Eu gostei muito de como as lendas entram no meio da história. Nasci no Recife, mas cresci em Lagoa de Itaenga, na Zona na Mata, então não tinha tantas informações sobre essas assombrações. Pesquisei mais assim que soube que iria participar do filme. Ô cidade assombrada…", brinca a atriz.

"Acredito que o momento mais inusitado foi a gravação no cemitério, por ser um ambiente que associamos coisas negativas", diz a atriz, que atualmente mora no Rio de Janeiro. Recentemente ela participou de produções como S.O.S - Mulheres ao mar (2014) e a série Vai que cola (temporada 2019). "Estou muito ansiosa para que o resultado seja compartilhado porque foi nesse trabalho que pude resgatar meu sotaque e estar do lado das minhas origens. Esse trabalho deu ao elenco a oportunidade de entregar um selo de originalidade".

Rubens Santos faz o papel de Severino no filme. (Foto: Divulgação)
Rubens Santos faz o papel de Severino no filme. (Foto: Divulgação)
O personagem de Rubens Santos, que brilhou em Bacurau, de Kleber Mendonça Filho, é um alívio cômico. Ele vive Severino, o motorista do pai do protagonista. "É um cara que faz entradas engraçadas em um filme tão tenso", diz o pernambucano, que dá apareceu em Aquarius (2016), também de KMF, e Divino amor (2019), de Gabriel Mascaro.

"Acredito que Recife assombrado vai conquistar o público porque retrata lendas muito conhecidas e que fazem parte da cultura popular. Surpreendeu-me ver personagens que fizeram parte da minha infância. Eu percebi um deles em cena e me causou um choque por perceber que essas figuras realmente existem no imaginário popular, não apenas na minha cabeça. Você vê a cultura na telona, saca?", finaliza o ator.
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