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Conheça o ator pernambucano que vive Carniça na série Irmandade, da Netflix

Publicado em: 04/11/2019 17:08 | Atualizado em: 29/12/2020 21:37

Pedro Wagner interpreta Carniça em Irmandade (Foto: Netflix/Divulgação)
Pedro Wagner interpreta Carniça em Irmandade (Foto: Netflix/Divulgação)


O ator Pedro Wagner ficou conhecido na cena artística pernambucana ao integrar o grupo teatral Magiluth. Agora, está tendo seu rosto exibido em mais de 190 países. Natural de Garanhuns, integra o elenco de Irmandade, nova série brasileira da Netflix, disponível na plataforma de streaming desde o fim de setembro.

Pedro interpreta Carniça, cofundador de uma facção criminosa de São Paulo na década de 1990. Infrator e temperamental, o personagem lidera a organização ao lado de Edson, interpretado por Seu Jorge. A também pernambucana Hermila Guedes participa do time artístico, assim como Naruna Costa, Lee Taylor e Danilo Grangheia. O projeto é uma parceria do serviço de streaming com a O2 Filmes, produtora responsável pelo clássico Cidade de Deus (2002). A direção é de Pedro Morelli, com produção geral de produção geral de Andrea Barata e Bel Berlinck.

Também diretor e dramaturgo, Pedro Wagner teve sua primeira incursão na TV no papel do psicopata Osvaldo, na série Justiça (Globo, 2016). Depois vieram as séries Sob pressão (2017), Treze dias longe do sol (2017/2018) e Onde nascem os fortes (2018), todas produções da mesma emissora. No cinema, o agrestino aparece nos créditos das comédias O roubo da taça (2016) e TOC: Transtornada, obsessiva, compulsiva (2017), além do drama Tungstênio (2018). Em entrevista ao Viver, o artista falou sobre o processo de criação do personagem Carniça, a repercussão do novo trabalho em sua carreira e a relevância da série na atualidade.

Pedro Wagner, ator - Entrevista
Pedro Morelli e Pedro Wagner nos bastidores (Crédito: Netflix/Divulgação)
Pedro Morelli e Pedro Wagner nos bastidores (Crédito: Netflix/Divulgação)


Como começou a sua carreira de ator?
Eu nasci na cidade de Garanhuns, no Agreste, e comecei a fazer teatro durante o Ensino Médio, no Grupo Diocesano de Artes, com muita sensibilidade e respeito. Fiz faculdade de Artes Cênicas na Universidade Federal de Pernambuco (o curso hoje se chama Licenciatura em Teatro), mas não paguei as disciplinas de Educação. Entrei no Magiluth em 2009, quando o grupo já tinha cinco anos e estava em um “rolê” profissional. Já era um dos principais grupos da cidade. Foi o projeto que me deu visibilidade no Sudeste, pois temos um público expressivo no Rio de Janeiro e em São Paulo. Os montadores de elenco me conheceram e passei a ser chamado para trabalhos no âmbito audiovisual. A Ana Luiza, que foi a montadora de elenco de Irmandade, assistia a todos os trabalhos do Magiluth.

O Carniça é um personagem muito forte. Foi desafiador construí-lo?
O Carniça me deu muito trabalho, mesmo que eu tenha certa afinidade com personagens de cunho violento, mais dilatados e explorados. Vários trabalhos anteriores me preparam para isso. Foi o primeiro no audiovisual que eu realmente precisava compor. Eu fui para as ruas, conversei com muitas pessoas, de classes sociais diversas, que passaram por presídios. Tudo foi acontecendo a conta-gotas. O trabalho dos caracterizadores, figurinistas e maquiadores também foi fundamental para minha criação, para encontrar a estética do Carniça. Também me inspirei em uma personagem Bobby Peru, de Willem Dafoe em Coração selvagem, do David Lynch. Ele imprime perigo na tela. O Carniça entra em cena para momentos de tensão. E isso é muito difícil, pois pode soar caricato.

Você manteve o sotaque pernambucano. Por quê?
Queríamos trazer uma ideia de Brasil, e ao analisar sistema carcerário ficou perceptível que o personagem não precisava ser de São Paulo. Eu trouxe uma linguagem do Recife, valores do Recife. Eu não cheguei a ir às cadeias de Pernambuco, mas falei com ex-detentos e notei que existia um vocabulário e um sotaque comuns.

As pessoas têm elogiado muito a sua atuação. Como você tem sentido a repercussão do novo trabalho?
Nossa, isso tem chegado muito forte em mim! Sinto muito nas redes sociais, por exemplo. As pessoas estão me parando nas ruas. Isso me deu dimensão de como o personagem arrebatou o público. Ele é um personagem querido de alguma maneira. Sabe aquele vilão que amamos odiar? Existe uma força nele, e isso é mérito de toda a equipe: direção, roteiro, maquiagem, figurino...

Como a foi a experiência de contracenar como pessoas como Seu Jorge e Naruna Costa?
O sentimento de “irmandade” estava diluído até entre o próprio elenco. O Seu Jorge é um mentor, é incrível, ao mesmo tempo um colega como todos os outros. Isso é muito comum nessa profissão: existe a figura midiática e a pessoa física, que tem simplicidade. Já a Naruna… O mundo é pequeno para ela. É tipo “senta aí que a Naruna chegou”. Ela é um fenômeno, a pessoa certa para estar no lugar de protagonismo. E achei lindo o protagonismo negro e feminino. A Hermila Guedes, meu Deus… como bom estar com ela. Foi muito prazeroso estar no meio dessas pessoas que admiro tanto. E que a série não tenha sido feita dentro de um individualismo.

Irmandade sai do senso comum por mostrar o lado dos criminosos sem uma ótica maniqueísta. Qual a riqueza disso para a narrativa?
Vivemos uma era extremamente moralista, né? A série flexiona os papéis, fugindo do clichê. A violência e o heroísmo são produções humanas. Não são coisas que podem ser tachadas como representantes de determinadas classes sociais ou de certas realidades culturais do país. Pode existir heroísmo em criminosos e pode haver violência na polícia. A série apresenta a complexidade que é a humanidade. Os humanos são contraditórios. Irmandade faz uma investigação do mal. De onde vem o mal? Em que contexto social, político e econômico que surgem os totens da maldade? O Coringa está aí para mostrar isso. Ninguém acorda querendo ser mal, a não ser que tenha alguma disfunção psiquiátrica. A maldade é um produção que existe dentro de todo mundo. O moralismo é difuso, então é muito importante ter séries como Irmandade para flexionar essas posições.
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