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Sem patrocínio, Janela de Cinema recorre a financiamento coletivo para acontecer

Publicado em: 07/10/2019 16:01

O Festival traz, anualmente, programação de clássicos e novidades do cinema mundial. Foto: Divulgação

Sem recursos para a realização da 12ª edição, o festival Janela Internacional de Cinema recorreu, nesta segunda-feira (07), a uma campanha de financiamento coletivo. Através da plataforma Benfeitoria, os apoiadores podem contribuir com valores diversos, que serão recompensados com brindes ou prêmios. A campanha ficará disponível até o dia 7 de novembro deste ano, através do link.


A meta é reunir R$ 30 mil, que devem custear grande parte das operações do evento, a ser realizado no Cinema São Luiz e no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco. Em carta divulgada à imprensa, os organizadores falam da dificuldade de financiamento diante dos cortes no apoio à Cultura implantados pelo atual Governo Federal.

"A Petrobras, nossa justa parceira há cinco anos, não apoia mais nenhum festival ou projeto audiovisual pelo país desde janeiro deste ano, tampouco o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O edital do Funcultura, do Governo de Pernambuco, nosso apoiador contínuo desde a primeira edição, teve seu lançamento atrasado por causa de tensões na Ancine", lamentam. 

No comunidado, os organizadores admitem que, à princípio, pensaram em não realizar o Festival. "Seria uma prova enorme de coragem cancelá-lo. Não temos esse tipo de bravura. Imaginar a Rua da Aurora deserta à noite neste ano, nas datas reservadas ao Janela, não é uma opção. Festivais mantêm a Cultura viva e forte", afirmam. A iniciativa de crowdfunding segue modelo já adotado por outros eventos importantes do audiovisual brasileiro, como o Festival do Rio. 

Carta aberta aos apoiadores do Festival


Queridos amigos do Janela. Aos que fazem, veem e pensam filmes, às pessoas que de alguma forma já fizeram parte do Janela Internacional de Cinema do Recife,

Os cortes no apoio à Cultura implantados pelo atual Governo Federal deixaram o Janela, já com 12 anos de trabalho, sem base para a sua realização este ano. Tais restrições têm atingido inúmeros festivais de cinema no país, e a indústria do audiovisual brasileiro como um todo. Desde 1º de janeiro deste ano, a Petrobras, nossa justa parceira há cinco anos, não apoia mais nenhum festival ou projeto audiovisual pelo país, tampouco o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O edital do Funcultura, do Governo de Pernambuco, nosso apoiador contínuo desde a primeira edição, teve seu lançamento atrasado por causa de tensões na Ancine - Agência Nacional de Cinema. 2019, portanto, será a primeira vez em que não poderemos contar com o edital pernambucano. Mais do que nunca, neste ano precisamos fazer o Janela com você.

Inicialmente, a equipe do Janela cogitou a não realização do festival. Logo chegamos ao sentimento de que seria uma prova enorme de coragem cancelá-lo. Não temos esse tipo de bravura. Imaginar a Rua da Aurora deserta à noite neste ano, nas datas reservadas ao Janela, não é uma opção. De 2008, nossa estreia, até hoje, contabilizamos cerca de 130 mil espectadores utilizando em média duas salas de cinema. Nesses 12 anos, exibimos aproximadamente 1.400 filmes entre curtas, médias e longas-metragens

De filmes centenários quase perdidos a estreias mundiais. Filmes incríveis, filmes estranhos, filmes delicinha, filmes maravilhosos… Festivais de Cinema não apenas exibem filmes, mas mantêm as ideias em movimento, compartilhadas. Festivais mantêm a Cultura viva e forte. Quem vai e quem já veio ao Janela sabe da energia que circula aqui. O público, as realizadoras e os realizadores, os cinemas São Luiz e as duas salas do Cinema da Fundação.

É um encontro incomum. Isso porque o Janela apresenta, a cada edição, um recorte da vida em sociedade, de filmes feitos em todo o mundo, mas também no Brasil, no Nordeste do nosso país e do Recife. Aprendemos com a comunidade e com o tempo. Em São Paulo e Rio, no Recôncavo Baiano e em Salvador, em Belo Horizonte, em Porto Alegre, na República de Curitiba e em São Luís do Maranhão, em Rio Branco, em Goiânia. Nossos festivais amigos estão procurando formas de resistir.

Muitos, jovens, como nós, cada um num canto do país. Sabem o que construímos juntos e que parar é ceder e retroceder. Somos parte de uma rede extraordinária de coletivos, de fóruns, de mostras e de festivais pelo Brasil e no exterior. Ajudamos a criar talvez o momento mais prolífico, diverso e rico da história do circuito produtivo e do pensamento artístico de Cinema neste país. Uma história de conquista, de reparação e de invenção que está só no começo. Uma História que está sob ataque e não pode se desmanchar.

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