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'Quero me comunicar através da música', diz o pernambucano Luiz Lins. Confira a entrevista

Publicado em: 19/10/2019 11:55 | Atualizado em: 20/10/2019 11:10

Foto: Instagram/Reprodução
Alguns artistas despontam em momentos certeiros, contribuindo para a formação de cenas musicais mais amplas. Luiz Lins, natural de Nazaré da Mata, lançou sua primeira faixa em 2016, um ano de virada para o rap - seja pernambucano, regional ou nacional. Desde então, ele ampliou suas possibilidades estéticas para o R&B, batidão romântico e quer continuar experimentando. No canal da PE Squad, sua produtora, ele é responsável por 85 milhões de visualizações - são 97 milhões, no geral.

Neste sábado (19), o jovem de 23 anos será atração do no Ar Coquetel Molotov na etapa de Belo Jardim, Agreste do Estado, realizado no Parque do Bambu. A programação também terá Academia da Berlinda, Nix La Marge, Mago Trio, Maracatu Boi da Gente, Ciel Santos e Jéssica Caitano. Em 16 novembro, também se apresentará na edição do Coquetel no Recife. Em outubro, o jovem realizou o sonho de muitos rappers em começo de carreira: abriu o show da turnê de 30 anos do grupo paulistano Racionais MC’s.

Entrevista - Luiz Lins, cantor

Como surgiu seu interesse pela música?
Começou muito cedo ainda. Existiam muitos vinis e fitas cassetes na minha casa, além de uma radiola grande que ficava na sala. Por muito tempo não existia televisão lá. Minha família tem muitos músicos, então sempre houve essa atmosfera. Eu sou de Nazaré da Mata, a terra de Maracatu, então a própria cidade fala disso. Mas o que despertou mesmo o interesse foi o meu avô, que tocava músicas muito bonitas. Aquilo me fez ter vontade de tocar também.

Como foi o começo, quando você ainda morava em Nazaré da Mata?
Quando eu comecei a fazer música, ainda morava em Nazaré. Conheci um programa de produção e comecei a gravar coisas no meu quarto. Tive uma banda, que é o mesmo pessoal que está tocando comigo no álbum que estou gravando. Mas a virada mesmo foi quando conheci o Mazili, meu produtor, pela internet. Eu moro Recife há uns dois anos. Quando eu vinha para a capital no começo, não tinha como ficar na casa de ninguém. Já fiquei na de um dia para o outro, não comia... essas paradas. Depois que conheci Mazili, comecei a ficar na casa dele e as coisas foram se desenrolando. Hoje é tudo bem mais fluido. As coisas estão muito confortáveis, digamos assim.

Como começa sua história com a PE Squad?
Foi logo no primeiro lançamento, Enquanto a noite cai. Eu e Mazili tínhamos acabado de nos conhecer e produziumos. Conseguimos 2 mil visualizações em um dia. Isso era um número absurdo para a época. Deu muito certo em Pernambuco. Só tivemos uma projeção maior depois, quando fizemos participação em projetos como Poesia Acústica e ResenhaDaBlakk, ambos cariocas. Os convites partiram depois do lançamento A música mais triste do ano.

Você ainda se considera um rapper?
Não. Esse é um erro bastante cometido pelas pessoas. Eu faço experimentações em todos estilos. Se você procurar pelo meu nome em qualquer plataforma, encontrará jazz, batidão romântico... E olha que eu não tenho muita coisa lançada. Experimentei no rap e gostei, mas faço muitas coisas, de verdade. As pessoas que me acompanham no Instagram sempre estão me vendo tocando instrumentos, canções de artistas de sertanejos, do forró. Se eu tivesse que me colocar em um rótulo, seria no da dance music. Eu estou preocupado sempre como balanço de uma música. Pode ser lenta, pode ser rápida, isso é uma coisa que eu gosto muito de colocar.

Mas não concorda que talvez o R&B consiga ser um termo “guarda-chuva” para todas essas sonoridades?
Eu sou tido como artista de R&B porque meus raps são mais lentos, com beats abertos. Eu passei um tempo gostando muito dessa sonoridade aberta e lenta. Mesmo que uma música traga uma temática pesada, vai soar com essa pegada. Ela mais soa dinâmica, dançante. Agora estou interessado em explorar esse swing. Algo próximo do funk norte-americano, a house music, o synth wave. O próprio brega é uma influência extremamente presente. Enfim, quero explorar coisas mais de “swingadas”. Algo retro futurista, que é como olhar o futuro com uma ótica do passado.

Sobre a cena do rap que vem crescendo no Recife desde 2016, qual a avaliação que você faz?
Quando eu entrei no mundo da música, as coisas eram bem rasas. Existiam coisas acontecendo, algumas muito legais. Algumas acabaram não vingando por alguns motivos, e a competição foi ficando mais voraz nesse mercado da música. A coisa cresceu muito em termos de mercado. Tem ingresso para show de rap com preços caríssimos. No geral, as coisas aumentaram de tamanho. No entanto, eu não me julgo com propriedade para falar da cena de rap daqui. A verdade é que eu nunca fiz parte dessa cena de verdade, porque não me considero um rapper. Eu experimentei ser um rapper, e sempre fui um grande fã e apoiador desse movimento, por compactuar com as ideologias. Também não sei como as coisas se deram para as pessoas que realmente estão nessa cena.

Consegue mensurar qual é o seu público hoje?
O meu público está muito espalhado pelos estados, e por idades também. O meu alcance fora de Pernambuco é equivalente em todos estados. Todo estado que eu vou tem uma aceitação massa. É muito difícil não ter público. Rio de Janeiro e São Paulo são as cidades onde meu público está com mais força. Lá o meu alcance acaba sendo maior porque lá se consome mais ritmos ligados ao rap, que foi a minha porta de entrada no mundo da música. Lá o rap é muito consumido, em massa. Então isso acontece pelo tipo de som que vem junto com o meu nome, pelos projetos e parceria que fiz.

Quais duas pretensões com o álbum novo? Existe uma intenção de expandir público com sonoridades como dance music e brega?
Não existe essa intenção de expandir. Provavelmente eu vou perder público, com exceção das pessoas que estão conectadas por mim como músico. O único intuito real é de me comunicar. É algo que não consigo fazer na minha vida pessoal. A minha arte é a única maneira que encontrei para fazer isso de forma saudável. Não é um disco para um mercado, é um disco para mim, meus amigos e para quem vai se comunicar. É para humanos reais, que longe ou perto de mim, são iguais a mim. Quero me comunicar com eles.
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