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Por: Juliana Aguiar
Publicado em: 08/10/2019 11:00 | Atualizado em: 08/10/2019 14:08
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Seja pela influência do mercado norte-americano ou pelos anseios nacionalistas de industrialização, a trajetória do cinema brasileiro foi moldada a partir dos interesses políticos e econômicos dos governos vigentes, dificultando a construção de uma identidade cinematográfica brasileira. A Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilmes), criada no governo Médici, em 1969, foi, durante quase duas décadas, o principal órgão financiador da produção de filmes nacionais, dividindo o mercado consumidor com os filmes infantis, as pornochanchadas e com os contratos exclusivos de longo prazo assinados por atores e atrizes com as televisões.
Com a extinção da Embrafilmes, em 1990, o cinema vivenciou uma crise identitária e de produção, só resgatada a partir de 1994, no período intitulado Retomada.A recuperação do prestígio do cinema brasileiro, que seguiu se reformulando até 2003, foi alvo de estudo do jornalista pernambucano Luiz Joaquim. Por dois anos, ele analisou críticas cinematográficas publicadas em jornais do país.
A pesquisa se tornou dissertação de mestrado do autor e desaguou no livro Cinema brasileiro nos jornais: Uma análise da crítica cinematográfica na Retomada (Editora Massangana, 2018, 150 páginas), que será lançado nesta quarta-feira (9), na 12ª Bienal Internacional do Livro de Pernambuco. Na ocasião, haverá um debate com o autor e a jornalista Luciana Veras (Revista Continente).
“A pesquisa nasceu em 2001, quando comecei a observar uma concordância sistêmica quanto ao que os críticos escreviam sobre o cinema brasileiro, e isso me incomodava. Queria entender por que a crítica era, em certa medida, tão pobre. Achava estranho, porque acredito que, quanto mais existissem conflitos e opiniões divergentes, melhor para os leitores e produtores audiovisuais. Então eu resolvi fazer a pesquisa”, explica Luiz Joaquim, que aliou, por quase duas décadas, a atuação como crítico de cinema em jornal com a curadoria de filmes da Fundação Joaquim Nabuco.
“Eu descobri que a crítica brasileira tinha desaprendido a escrever textos mais complexos sobre o cinema nacional, porque ele tinha sido quase extinto com o fim da Embrafilmes. Era como se a crítica não tivesse mais objeto de estudo para fazer um texto mais profundo, além de que praticamente não tinha filmes para criticar”, afirma o jornalista, que também é sócio-fundador e atual vice-presidente da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine).
Os longas selecionados pelo autor foram Carlota Joaquina, princesa do Brasil (1995), de Carla Camurati, Central do Brasil (1998), de Walter Salles, e Cidade de Deus (2003), de Fernando Meirelles, a partir das críticas de três jornais, contemplando Nordeste, Sul e Sudeste. A pesquisa une dados oficiais com a vivência do mercado cinematográfico. De acordo com o jornalista, a prática jornalística precisou reeducar seu olhar para um cinema brasileiro que começava a se impor ao seu espectador, até se tornar um assunto de relevância sociopolítica.
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