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Nas redes sociais, diretor da Funarte diz 'sentir desprezo' por Fernanda Montenegro

Por: FolhaPress

Publicado em: 23/09/2019 21:56

Foto: Divulgação/TV Globo (Foto: Divulgação/TV Globo)
Foto: Divulgação/TV Globo (Foto: Divulgação/TV Globo)
O dramaturgo e diretor do Centro de Artes Cênicas da Funarte, Roberto Alvim, usou as redes sociais nesta segunda (23) para criticar Fernanda Montenegro, na esteira da publicação de uma série de reportagens sobre a atriz em razão do lançamento de sua autobiografia, "Prólogo, Ato, Epílogo".

Assumidamente defensor de Jair Bolsonaro, Alvim disse sentir "desprezo" por Fernanda e ainda a acusou de "mentirosa". As críticas foram motivadas pela recente capa da revista Quatro Cinco Um, que colocou a atriz vestida de bruxa em uma fogueira de livros.

"A 'intocável' Fernanda Montenegro faz uma foto pra capa de uma revista esquerdista vestida de bruxa", escreve Alvim. "Na entrevista, vilipendia a religião da maioria do povo, através de falas carregadas de preconceito e ignorância. Essa foto é ecoada por quase toda a classe artística como sendo um retrato fiel de nosso tempo, em postagens que difamam violentamente o nosso presidente."

Em seguida, o dramaturgo ataca a autora feminista Simone de Beauvoir, personagem representada por Fernanda na peça "Viver Sem Tempos Mortos", e a chama de "sórdida".

"Então acuso Fernanda de mentirosa, além de expor meu desprezo por ela, oriundo de sua deliberada distorção abjeta dos fatos", diz. "Fernanda mente escandalosamente, deturpa a realidade de modo grotesco, ataca o presidente e seus eleitores de modo brutal, e eu sou grosseiro e desrespeitoso, apenas por ter revidado a agressão falaciosa perpetrada por ela?"

Em outra publicação, Alvim faz críticas direcionadas ao monólogo sobre Beauvoir. "Eu assisti à peça, infelizmente: uma nulidade estética completa, na qual Fernanda falava monocordicamente por mais de uma hora acerca das sórdidas aventuras sexuais de Beauvoir, e 'heroizava' sua mentalidade revolucionária. Não se tirava, daquele monólogo, nada que preste."

Ele ainda tachou as falas de Fernanda de infantis, mentirosas e canalhas. "Já nutri alguma admiração por ela. Hoje, só o que sinto por essa mulher é o mais absoluto desprezo. Triste fim de carreira", finaliza.

Respostas

Diante das críticas, a Associação dos Produtores de Teatro (APTR) emitiu posicionamento em que repudia as declarações do dramaturgo.

"A APTR repudia veementemente as declarações do diretor de Artes Cênicas da Funarte, sr. Roberto Alvim, em suas redes sociais, onde classifica o não diálogo com a classe artística como uma 'guerra irrevogável'. Com a mesma intensidade, repudiamos a classificação da fala de dona Fernanda Montenegro como infantil, mentirosa e canalha. É absolutamente inadmissível que uma atriz com a sua trajetória seja atacada em seu livre exercício de expressão", diz a nota.

"Como cidadão, o Sr. Roberto Alvim pode expressar opinião, independentemente do campo social, cultural e ideológico. Já como gestor público de relevância nacional -ou seja, representando o país como um todo- o mesmo deveria atentar-se à natureza do seu cargo, pautando-se pelo respeito à classe que representa e aos profissionais consagrados por sua atuação. Cuidar da cultura como um importante setor para a economia e a formação de um país trata-se de um exercício diário, ético e respeitoso. O mesmo se aplica ao cuidado que deveria ser adotado ao se referir a uma atriz como Fernanda Montenegro, um símbolo da identidade nacional, com reconhecimento em todo o mundo."
 
Em entrevista ao jornal O Globo, o presidente da Funarte, Miguel Proença, afirmou estar "completamente chocado" com as declarações do diretor. 

"Já pedi um auxílio do ministro da Cidadania (Osmar Terra), pedi uma audiência com ele, para tomar uma providência. Admiro muito a Fernanda, além de ser a grande dama do teatro ela é uma grande amiga. Fiquei com esse peso nas costas, o Brasil inteiro está de olho na Funarte hoje por causa disso. E aqui produzimos arte e beleza, não agressão", disse.  
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