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Terror

Crítica: It - Capítulo 2 revisita antigos medos, mas erra no ritmo e nas repetições

Publicado em: 05/09/2019 09:13 | Atualizado em: 05/09/2019 15:15

Pennywise retorna depois de 27 anos. Foto: Warner Bros./Divulgação
 
Passados dois anos da estreia de It: A coisa, a continuação chega nesta quinta (5) aos cinemas, com a história dos sete jovens do Clube dos Perdedores e do bizarro palhaço Pennywise - desta vez, 27 anos após os acontecimentos do primeiro filme. Na sequência, após a aparição de Pennywise (Alexander Skarsgard) durante um crime homofóbico na pequena e conservadora cidade de Derry, o grupo que o deteve é convocado para voltar à cidade natal, rememorando e lutando contra antigos medos em uma jornada de aceitação e superação do passado atormentador.
 
Aí está o grande potencial do filme: como coletivamente e individualmente as memórias retornam doces e nostálgicas, mas também com terror, por meio dos traumas e pesadelos do grupo. Isso torna It, desde o livro, uma obra muito autoconsciente sobre o próprio gênero do terror: o monstro, materializado pelo palhaço, é o medo em si e ele assume inúmeras formas. As dores que aterrorizam aqueles jovens agora estão presentes em cada um como adultos, em manias, relacionamentos abusivos e em suas carreiras. A volta para Derry significa, então, a oportunidade de superação desses traumas, onde suas perturbações podem ser colocadas em um divã. E na origem e fim dessas questões está, é claro, Pennywise, que representa a personificação desses medos e sequelas. Na chance de matá-lo, os protagonistas enxergam a possibilidade de superar o que ficou guardado.
 
Apesar de bons atores, o núcleo é muito menos carismático do que as crianças do primeiro filme. Bill (James McAvoy) se tornou um roteirista de sucesso em Hollywood, Ben ( Jay Ryan) é um arquiteto, Richie (Bill Hader) virou humorista, Eddie (James Ransone) é analista de risco. A única garota do grupo, Beverley (Jessica Chastain), não tem sua vida profissional bem delimitada, assim como Stanley (Andy Bean) e Mike (Isaiah Mustafa).
 
Com ritmo maçante, o filme parece seguir à risca o livro e acompanha os garotos, um por um, em suas revisitações da memória, de forma repetitiva. Foto: Warner Bros./Divulgação
 
It: Capítulo dois é um filme longo para adaptar um livro longo. A obra original de Stephen King - que faz uma participação no filme - tem 1,1 mil páginas. A segunda parte da adaptação tem 2h49min, que pesam bastante. Com ritmo maçante, o filme parece seguir à risca o livro e acompanha os garotos, um por um, em suas revisitações da memória, de forma repetitiva. Apesar disso, essa ineficácia em dialogar com a linguagem do cinema talvez seja bem vista pelos fãs mais “radicais” do livro, que verão materializada na telona boa parte das cenas da obra original.
 
Outra questão que atrasa o filme é seu apego em nos lembrar do primeiro, sendo muito entrecortado por flashbacks de cenas que já vimos. Essa quebra no tempo dilata muito a tensão e o medo, que não se constrói em atmosfera. O mistério em torno da cidade de Derry e de Pennywise, que parece um grande acerto do primeiro filme, é mal explorado, desinteressante e genérico. A ambiguidade de Pennywise como medo interno de cada um, ao mesmo tempo que é uma criatura bizarra e misteriosa, é abordada pelo filme de forma vaga.
 
O filme chega em seu último ato com uma longa sequência de ação que se parece muito com a do primeiro. A magia e horror que o diretor Andy Muschietti conseguiu construir no primeiro filme se esvaem com o acúmulo de problemas da sequência. Por fim, os arcos dos protagonistas se concluem, após o conflito de um ato final grandioso. Mas, em meio a tanta grandeza, o longa perde aquilo que tinha de mais cativante em seu antecessor: a qualidade do medo em revelar nossas vulnerabilidades, que nos compõe e evidenciam o que temos de humanos.

Confira o trailer:

 
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