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Cinema

Quentin Tarantino celebra Hollywood e reescreve a história em seu novo filme

Publicado em: 15/08/2019 09:26 | Atualizado em: 15/08/2019 10:15

Leonardo DiCaprio interpreta um ator decadente, enquanto Brad Pitt é o seu dublê. Foto: Columbia Pictures/Divulgação
Quentin Tarantino, diretor de filmes como Pulp Fiction (1994) e Bastardos Inglórios (2009), é um dos nomes mais reconhecidos da sétima arte contemporânea. Em seu nono filme, presta não só uma homenagem nostálgica ao seu próprio cinema e à indústria hollywoodiana, mas também cria uma verdadeira carta de amor aos mitos e símbolos da cultura norte-americana. Era uma vez em... Hollywood, que estreia nessa quinta-feira (15), ambienta-se na Los Angeles do fim da década de 1960, em meio ao auge do cinema de gênero, ídolos e lisergia.
 
Rick Dalton (Leonardo DiCaprio) é um ator que interpreta um cowboy na série de TV Bounty law. Cliff Booth (Brad Pitt) é seu dublê e “faz-tudo”. Os dois personagens, ambos ficcionais, protagonizam uma fábula hollywoodiana de Tarantino, que se constrói a partir da história do culto da Família Manson e da obsessão californiana pelos signos da cultura pop.
 
Em uma mistura de ficção e acontecimentos reais, o diretor brinca com o imaginário de Los Angeles. O fio condutor da história segue por dois pontos centrais. Um deles é a narrativa das mais clássicas da indústria americana: a decadência dos jovens e talentosos atores e atrizes - nesse caso, a de Rick Dalton. O segundo é baseado em fatos, com Margot Robbie interpretando o papel da atriz Sharon Tate, e Rafal Zawierucha na pele do diretor Roman Polanski (de O bebê de Rosemary). No filme, o casal vai morar juntos, tornando-se vizinhos de Rick.
 
Em 1969, Los Angeles vivia o auge de seu glamour e efervescência: estrelas de cinema, premières, contraculturas e hippies por toda parte. Um dos fenômenos mais bizarros da história americana, e que assombrou muito os jovens na época, foi o culto liderado por Charles Manson. Ele criou uma comunidade de seguidores, que habitavam o Spahn Ranch, formada em sua maioria por jovens com problemas emocionais, que, guiados pela LSD, acreditavam que Charles era a reencarnação de Jesus Cristo. Entre os episódios icônicos da história real de LA, existe o assassinato de Sharon Tate por parte de membros da Família Manson. Essa história é um fantasma que ronda o filme, sempre à espreita. 
 
O diretor garante que esse é o seu penúltimo filme. Foto: ALEXANDER NEMENOV / AFP
 
Destaque para a química dos protagonistas. Leonardo Dicaprio e Brad Pitt estão muito bem no longa, que por sua vez marca um novo ritmo nas obras do diretor. O filme tem seus acontecimentos espaçados, nada de reviravoltas a cada 30 minutos, com tudo em seu lugar. Tarantino mostra maturidade ao conduzir uma história que se baseia no dia a dia e diálogos de seus personagens. Tudo isso é coroado com um clímax final ultraviolento, marca registrada do autor.

Também vale remontar algumas polêmicas que foram geradas após seu lançamento, no Festival de Cannes, que podem ser sentidas nas telonas. Uma delas é quanto ao espaço destinado às falas das mulheres. Sharon está presente no filme muito mais como a figura da atriz e menos como uma personagem ativa. Outra polêmica foi por parte da representação de Bruce Lee, interpretado por Mike Moh. Segundo a filha de Bruce, “foi muito desconfortável ir ao cinema e ouvir as pessoas rindo” de seu pai, que no longa é ridicularizado, sendo retratado como um ator extremamente arrogante. 
 
Gostando ou não, Quentin Tarantino usa e abusa dos ícones e símbolos de uma Hollywood em seus tempos áureos. Seja dando sua leitura de atores clássicos ou “editando” umas das histórias mais sombrias da cidade, que é o centro do entretenimento mundial. Tarantino já escreveu seu nome na história de Hollywood, por que não reescrever a própria história de Hollywood?
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