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Artes cênicas

Pesquisa resgata as riquezas do teatro pernambucano na década de 1950

Publicado em: 04/07/2019 10:41

Ator Sebastião Vasconcelos em 1951, durante Otelo, do Teatro do Estudante de Pernambuco. Foto: Acervo Projeto Memórias da Cena Pernambucana
Embora um tanto invisibilizada na historiografia teatral, a década de 1950 é imprescindível para entender transformações dessa linguagem artística. Foi isso que estimulou o pesquisador, jornalista e crítico pernambucano Leidson Ferraz a elaborar a pesquisa O teatro no Recife dos anos 50 - Tentativas de reafirmação da modernidade. O lançamento do e-book em DVD será no Teatro de Santa Isabel (Praça da República, Santo Antônio) nesta quinta-feira (3), a partir das 19h30, com entrada gratuita. Realizado com incentivo do Funcultura e apoio do SESC Pernambuco, o projeto foi construído com base em vários recortes de imprensa, inclusive de arquivos do Diario de Pernambuco, resgatando produções cênicas, críticas, artistas envolvidos e casas de espetáculos em atividade na época.

Essa falta de destaque para os acontecimentos da década de 1950 se dão, em grande parte, por ter sido uma época de transição. “Na década de 1940, temos o surgimento do clássico Vestido de noiva, de Nelson Rodrigues, no Rio de Janeiro, um marco do modernismo. E depois disso, os livros pulam para a década de 1960, que foi muito efervescente por conta do contexto político. A década de 1950 se configura por essa consolidação do moderno”, explica Leidson.
 
Arsênico e Alfazema - Teatro de Amadores de Pernambuco em 1950. Foto: oto Acervo TAP
 
Na capital pernambucana, surgiram importantes grupos teatrais. O Teatro Adolescente do Recife, que lançou nacionalmente o dramaturgo Ariano Suassuna com a peça A Compadecida, e o Teatro de Amadores de Pernambuco, que ficou em cartaz em diversos locais no Sudeste, são os mais lembrados. Porém ao menos outros 20 também existiram, como o Teatro Experimental do Recife, Teatro Operário, Teatro Pernambucano, Conjunto Cênico do Recife, Teatro do Funcionário Público, Teatro Gráfico de Amadores, The British Amateur Dramatic Society of Pernambuco e Os Saltimbancos

Pela primeira vez, peças locais ganharam visibilidade nacional através de turnês pelo país, integrando as programações dos primeiros festivais de teatro. Nesse contexto, Pernambuco entra na rota do teatro nacional. “Em 1958, o Recife passou a ser o centro das atenções teatrais no Brasil, ainda que não dos historiadores de hoje, quando foi sede do I Festival Nacional de Teatros de Estudantes, de 19 a 29 de julho daquele ano, recebendo mais de 700 artistas amadores de todo o país, numa iniciativa de Paschoal Carlos Magno”, explica Ferraz.
 
O Príncipe Medroso  - Teatro de Brinquedo em 1953. Foto: Acervo Projeto Memórias da Cena Pernambucana
 
“Esse evento foi inaugurado pelo então presidente da República, Juscelino Kubitschek, e reuniu espetáculos nos teatros de Santa Isabel e do Derby, além de debates, cursos, distribuição de prêmios e um inédito julgamento dos personagens Hamlet (vivido pelo ator Sérgio Cardoso) e Otelo (Paulo Autran) no Tribunal de Justiça do Recife. Foi nesse evento que o pernambucano João Cabral de Melo Neto, até então poeta, foi revelado como autor.”

Toda essa movimentação naturalmente movimentou a imprensa local, com o surgimento da ACTP (Associação dos Cronistas Teatrais de Pernambuco), entidade que lançou o troféu Melhores do Teatro. “Essa instituição foi marcada por crises internas e polêmicas para algumas das escolhas dos destaques anuais, algo bem distante da realidade de hoje. Mesmo assim, soube divulgar e comentar a arte teatral no estado, através de associados como Valdemar de Oliveira, Hermilo Borba Filho, Otávio Cavalcanti, Ariano Suassuna, Adeth Leite, Medeiros Cavalcanti e Isaac Gondim Filho”, afirma Ferraz.
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