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Festival de Inverno

FIG 2019 estreia com homenagem à cultura local

Publicado em: 20/07/2019 10:04 | Atualizado em: 20/07/2019 11:01

Elba fez um show usando como fio condutor a faixa O Ouro do Pó da Estrada. Foto: Tarciso Augusto / Esp. DP Foto
Se é papel do poder público promover a preservação de tradições culturais, foi isso o que se viu na primeira noite de shows do Festival de Inverno de Garanhuns, realizada nesta sexta-feira, sobretudo no Palco Dominguinhos. O espetáculo de Alessandra Leão com Siba, Juliano Holanda, Renata Rosa e Mestre Anderson  fez uma homenagem inédita no estado ao mestre Biu Roque, nome da Mata Norte que ainda é pouco que é conhecido pelo grande público. Já o show comandado por Silvério Pessoa trouxe releituras da vasta obra de Jackson do Pandeiro, o homenageado da edição. Esse último é conhecido pelo nome, mas a verdade é que boa parte de suas músicas está sendo esquecida.

Marcada para começar às 20h, a programação só começou de 21h20 com o show da Gold Hits Orquestra, que apresentou sucessos internacionais da década de 1980 e 1990.

Siba terminou o show com um tom político. Foto: Tarciso Augusto / Esp. DP Foto
A apresentação em homenagem a Biu do Roque (que faleceu em 2010) foi idealizada pela pernambucana Alessandra Leão, que convidou os outros participantes. O projeto estreou no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, em abril, e só chegou em Pernambuco com o FIG. Como a maior parte das músicas do mestre não foram disseminadas por gravações de estúdio, a maioria do repertório não era tão conhecido pelo público da Praça Dominguinhos. O ineditismo que permeou o espetáculo foi um dos seus pontos mais positivos, além das performances autênticas dos intérpretes. No telão, fotos e vídeos do mestre intercalavam os números. 

"Essa é a nossa cultura, é o que devemos valorizar", disse Alessandra Leão, com ares de anfitriã, em discurso durante o show. "Que sigamos olhando todas as belezas e as maravilhas dessas terras, mesmo nesses tempos sombrios e estanhos que a gente tem passado. Que tenhamos forças pra olhar para casa e olhar para dentro. Essa terra é nossa quando a gente dança na rua, ocupa os espaços. Essas terras são nossas e são a gente que decide o que fazer com elas". Completando o tom político, Siba terminou o show soltando um "Fora Bolsonaro".

Elba Ramalho, recém-chegada de uma turnê nos Estados Unidos, fez um show usando como fio condutor a faixa O Ouro do Pó da Estrada, que é título de seu álbum mais recente. "Essa música feita pelo Yuri Queiroga me deu a tônica para o álbum, traz essa coisa da caminhada, estrada. Eu já tenho 40 anos de carreira e continuo sólida", disse a cantora, durante entrevista em coletiva de imprensa antes do show. 

Ainda durante a conversa, Elba foi questionada sobre sua relação com Jackson do Pandeiro, homenageado da edição. "Tudo o que fiz com ele foi maravilhoso. Ele é uma escola. Essa é a nossa cultura, que tem uma força enorme e atravessa os tempos. Não é uma moda que vem e passa", ressaltou. No show, ela cantou Sebastiana, um dos maiores sucessos do paraibano. 

Espetáculo de caboclo de lança foi um  dos atrativos do FIG 2019. Foto: Tarciso Augusto / Esp. DP Foto
Como de costume, seu repertório agregou vários  sucessos autorais e de outros artistas, a exemplo de Girassol (Cidade Negra) e a tradicional Frevo Mulher (Amelinha). Mesmo tendo sido diagnosticada com Chikungunya desde o São João, Elba entregou um espetáculo completo. Cantou, dançou, interagiu com o público de forma carismática.

Silvério Pessoa comandou o último espetáculo, um tributo a Jackson, que ganhou o apelido de o "Rei do Ritmo" ao passear por diversos gêneros musicais ao longo da carreira: cocos, xaxados, rojões, emboladas, baiões, frevos e sambas.

Justamente por isso, o palco recebeu artistas de sonoridades bastante distintas. Elba Ramalho, Geraldo Maia e Maciel Melo estavam em solo conhecido, enquanto Lucinha Guerra (erudita), Luiza Fittipaldi (alternativa), Zélia Duncan (samba), Lady Laay e Mari Periférica (ambas do rap) arriscaram novas releituras da obra. Silvério foi o único que permaneceu no palco do começo ao fim, recebendo os convidados e conduzindo as canções com direção de Yuri Queiroga e Renato Bandeira. 

"Eu tenho um patrimônio comum de rearranjos e regravações da obra original de Jackson", disse Silvério, em entrevista ao Viver. "Isso começou com o disco Cabeça feira (2015), mas se multiplicou com shows acústicos, um sarau no Janeiro de Grandes Espetáculos. Esse projeto agora é a matriz da apresentação no FIG". O repertório começou com Cabeça feita, um dos últimos sucesso do paraibano e que ficou conhecida na voz de Gal Costa, passeando com Forró em Limoeiro e encerrando com clássicos como Sebastiana, O canto da Ema e Cantiga do sapo.

Para Pessoa, o show foi um momento especial principalmente porque ele considera as homenagens a Jackson do Pandeiro "tímidas" pelo país. "O governo da Paraíba instituiu 2019 como o ano de Jackson, o incluiu no currículo escolar. E Pernambuco faz essa homenagem em um festival de grande projeção, mesmo sendo um artista paraibano. Então esses dois estados estão muito à frente nesse sentido", finalizou.

O FIG segue sendo realizado neste sábado, com shows de Amanda Back, Banda de Pau e Corda, Mariana Aydar, Veia Nordestina, Zélia Duncan (RJ) e Barão Vermelho (RJ).

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