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Artes plásticas

Atualidade hostil é tema para exposição conjunta de arte contemporânea no Recife

Publicado em: 04/07/2019 10:21 | Atualizado em: 04/07/2019 10:13

Zé Rebelatto/Divulgação

As recentes mudanças sociais provocadas pela ascensão meteórica do mundo digital excederam as expectativas de muitos. O imaginário coletivo ainda tenta se acostumar com novos comportamentos, sociabilidades e, principalmente, métodos de fazer política que causam discordância gritantes. Tudo isso tem criado o sentimento que vivemos distopias cotidianas. Naturalmente, a arte tem cumprido seu papel de retratar e repercutir esse impacto. A exposição Cataclismo, montada na Galeria Garrido (Rua Samuel de Farias, 245, Casa Forte), surge com a proposta de lançar reflexões sobre essa realidade inverossímil, com obras de arte contemporânea de 13 artistas pernambucanos - do total de 15 nomes.

A inauguração será nesta quinta-feira (4), aberta ao público a partir das 19h. O projeto é uma iniciativa do coletivo recifense Phantom 5 (formado por Pedro Melo, José Rebelatto e Steve Coimbra), que atua como agência, produtora e curadoria independente e procura dar visibilidade a nomes independentes da capital pernambucana. As peças escolhidas lançam luz em questões que rodeiam debates identitários que ganharam força recentemente, como raça, sexualidade e gênero, questionando como essa atual realidade “utópica” circunda as minorias.

“Quando decidimos fazer essa mostra, queríamos justamente encarar o momento que o país vive”, explica Pedro Melo. O cataclismo é uma palavra guarda-chuva para catástrofe, grande alteração na sociedade ou transformações individuais intensas. “Todos os artistas passam por esses assuntos e exibem as mazelas trazidas por essas mudanças, sobretudo em relação à intolerância disseminada nas redes sociais.”
Entre os artistas está o veterano Alexandre Nóbrega, o projeto cearense Acidum (formado por Tereza Dequinta e Robézio Marqs) e o artista visual não-binário Aoru Aura, que realiza intervenções no próprio corpo. Bozó Bacamarte, Bruno Vilela, Clara Moreira, Flávia Pinheiro, Flávio Emanuel, Gio Simões, Iagor Peres, Jeims Duarte, Juliana Lapa, Kilian Glasner, Mariana de Matos, Stefany Lima e Tatiana Moés completam o time.

A escolha foi meticulosa em diversos pontos. Primeiro, o trio queria que as vagas fossem preenchidas com certa pluralidade de linguagens. Por exemplo: existem seis pintores, mas nenhum deles repete a técnica do outro. O mesmo para os fotógrafos selecionados. Cada tem um com uma “pegada”, como define Pedro. Outra preocupação foi estabelecer um equilíbrio de gênero entre os escolhidos.

Cataclismo também tenta imprimir certo ineditismo mercadológico ao reunir um número considerável de novos nomes da arte contemporânea pernambucana. “Esse mercado ainda está aflorando no Recife em um processo muito lento, pois os consumidores de arte aqui são mais voltados à arte moderna. Nesse sentido, a Garrido está dando um passo de quebra de paradigma”, diz Pedro.

Armando Garrido, que comanda a galeria há três anos, reafirma a disposição de criar um elo para consumidores do moderno e do contemporâneo. “Essa necessidade de separação de galerias para as linguagens sempre me incomodou. Por que não unir, de forma que atraia todos os públicos? Existem apreciadores da linha curatorial do Gilvan Samico ou Rinaldo Silva que podem gostar de novos fronts. É preciso mostrar que Pernambuco tem criado uma arte contemporânea que é nossa, tendo suas diferenças do que é feito em São Paulo ou Nova York, deixando de lado esses colonialismos.”

Cataclismo ficará em cartaz por dois meses. Nesse período, serão realizadas programações semanais - que ainda estão tendo suas montagens finalizadas. Haverá visitas guiadas com escolas públicas, rodas de discussão para abordar arte, política e “catástrofe”, com convidados antenados nas temáticas. Todas as obras da mostra estão à venda.

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