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Em carta, Roger Waters pede para Milton Nascimento cancelar show em Israel

'Milton escolheu caminhar pelo outro lado, ignorando o que Angela Davis chama de indivisibilidade da justiça', escreveu o ex-integrante do Pink Floyd

Por: FolhaPress

Publicado em: 28/06/2019 15:31 | Atualizado em: 28/06/2019 17:14

'Eu queria falar com Milton sobre amor, morte e música', diz o texto de Waters. Foto: AFP e Milton Nascimento/Divulgação

O músico Roger Waters enviou carta ao movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), que promove uma campanha para que Milton Nascimento cancele seu show em Israel, que acontece no domingo (30), explicando que teria enviado carta ao brasileiro, mas que não obteve resposta.

Em Portugal, onde Milton se apresentou nesta semana, um pequeno grupo fez protesto diante da casa de shows com bandeiras da Palestina pedindo que o músico cancelasse sua apresentação em Tel Aviv.

Leia a carta de Roger Waters:

"27 de junho de 2019
Quando estive no Brasil no ano passado, fui apresentado ao lendário músico brasileiro Milton Nascimento, e bebemos algumas belas cachaças juntos. Quando li que ele estava planejando cruzar a linha de piquete do movimento de Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), para se apresentar em Tel Aviv, fiquei chocado. Eu escrevi para Milton pedindo uma oportunidade de falar com ele. Nem ele nem ninguém de sua equipe me respondeu.

Estou com peso no coração. Eu queria falar com Milton sobre amor, morte e música. Amor por todos os nossos irmãos e irmãs em todo o mundo, independentemente de sua religião, ou etnia, ou nacionalidade, mas particularmente pelos palestinos e palestinas que buscaram artistas em todo o mundo para pedir ajuda, através de sua recusa em lavar a imagem do Estado de apartheid israelense, não se apresentando por lá.

Eu queria falar com Milton sobre morte. Eu queria perguntar a ele se ele tem filhos, e como ele se sentiria enterrando um deles após um abate casual perpetrado por um exército de ocupação. Eu queria falar com ele sobre música, e sua profunda obrigação moral como eminente músico de evitar que sua música seja utilizada para lavar o apartheid com arte.

Milton escolheu caminhar pelo outro lado, ignorando o que Angela Davis chama de indivisibilidade da justiça. Que pena.

Com amor,

Roger Waters"
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